Raquel Lara Rezende
Raízes
Que alegria me reconhecer em você e que alegria que você se reconheça em mim! Vive através de mim as experiências que compartilho com amor!
Eu nasci em Belo Horizonte, Minas Gerais, e morei em diferentes cidades do estado, como Montes Claros, Itabira e Divinópolis. Tenho presentes algumas fortes lembranças da infância: de repetir e repetir que eu seria cantora, escritora e bailarina, nessa ordem! Me lembro de rezar, quando pensava que Deus estava fora de mim, pedindo para que me tornasse o espírito das águas quando morresse.
Mais tarde, esses dois universos que criei na infância se manifestaram, através de um projeto muito precioso que também se tornou minha pesquisa de doutorado: O espelho d’água.
Com o apoio da Lei Murilo Mendes, do município de Juiz de Fora, Minas Gerais, realizei junto com uma equipe muito especial o espetáculo multimídia Espelho d’água (2015), com as músicas, textos e vídeos criados a partir das narrativas que colhemos de moradores da cidade sobre suas lembranças e percepções sobre o elemento água.
Me apaixonei tanto pela pesquisa que segui no curso de doutorado em Educação na UFJF, aprofundando a percepção das diferentes relações humanas com a água. Caminhou pelos sertões de Minas Gerais e de outras partes da América Latina, em busca de narrativas sobre as águas, cantei para os rios e as veredas que encontrei pelos caminhos, reconheci as minhas próprias águas e correntezas. E assim, nasceu a tese “O visível e o invisível nos espelhos d’água” (2017).
Me reconhecendo como cantora e compositora
O canto se estabeleceu em minha de vida, de fato, a partir dos 12 anos, quando fiz um teste para ingressar no coral da Antártica, em Vespasiano – MG, e passei em primeiro lugar. Esse foi um importante marco em minha vida, pois uma parte de mim tinha deixado de acreditar que seria possível ser cantora. Passar em primeiro lugar foi como se o universo me dissesse que eu sempre estive certa, que sim, eu seria cantora.
Depois disso, já em Divinópolis, tive minhas primeiras experiências solo, cantando o hino nacional em solenidades, como aberturas de palestras e formaturas. E em Viçosa, onde me formei em jornalismo, tive minhas primeiras experiências cantando em bares. Expandi minhas referências musicais e me conectei com a musicalidade do congado, através da comunidade de São José do Triunfo, onde realizei, junto ao grupo de pesquisa Gengibre, projetos de extensão e pesquisa. Nos tempos de Universidade, passei mais tempo na Faculdade de Dança que no meu próprio curso, e pude estudar e viver o meu corpo através das danças brasileiras, das danças femininas e de práticas como o Qigong e a yoga.
Também integrei o coral da Universidade, sob a regência de Rogério Moreira, o que me trouxe importantes conhecimentos e experiências com a minha própria voz e com o canto em grupo. Mais tarde, morando em Juiz de Fora, cursei o curso de canto da Bituca – Universidade de Música Popular, do Grupo Ponto de Partida, em Barbacena.
Juiz de Fora é uma cidade que me proporcionou maravilhosas experiências musicais, pois reúne músicos e propostas musicais diversas de imensa riqueza que foram fundamentais para o meu desenvolvimento enquanto cantora e compositora. O Encontro de Compositores que acontecia uma vez por mês, foi um espaço para mim de grande expansão, onde compartilhei as minhas primeiras composições e aprendi muito com os amigos e amigas musicistas.
Em 2017 me mudei para São Paulo, onde tenho tido a oportunidade de expandir ainda mais minhas referências e experimentações, com o Laboratório de Canto Cigano, de Lucía Soledad, o aprofundamento nos estudos sobre Terapia de som e os grupos dos quais fiz parte. O tema das águas seguiu vivo em minha criação e em 2018 produzi o espetáculo Canto das Águas, incorporando novas canções e arranjos, no Teatro Estelar em São Paulo.
Também integrei o grupo Abanã Orin, como cantora, em 2019, e criei junto com os músicos Tiago Guimarães, Bruna do Prado, Gago Ferreira e Nathalie Magalhães o grupo Samba de Reza. Na grande metrópole, participei de projetos junto à ONG Artesol, produzindo conteúdos, dando capacitações para comunidades de artesanato tradicional e compondo a equipe de curadoria da Exposição que aconteceu no Museu do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, em 2018.
Novas aventuras como professora de voz e de canto
Desde 2019 tenho me dedicado à promoção do desenvolvimento da voz, dando aulas individuais canto e voz, e criando cursos, como o Poder das Vogais, disponível na plataforma Eduzz, A voz é um rio e A voz e os elementos.
Em 2019 fundei junto com o músico Tiago Guimarães e a violinista e rabequeira Carla Raiza o grupo de banho sonoro Somos Som. A iniciativa é parte da minha pesquisa pessoal em relação às frequências e ao poder do som, como fonte de harmonização e de manifestação. Nesse sentido, fiz a formação em terapia de som com Ñada Shakti e de yoga do som com Guy Lussier.
Também sou iniciada em reiki Ussui e xamânico e fiz diversos cursos de terapia holística, como mesa radiônica, cristais, massagem ayurveda, aromaterapia, entre outros. Atendi como terapeuta holística entre 2016 e 2020 e a partir de então tenho estado focado nos sons e na voz.
Em São Paulo, também criei a vivência A Alma Dança, através da qual conduzia as mulheres a uma conexão profunda com seus movimentos. Hoje, em minhas conduções, sigo o mesmo propósito, incluindo também a consciência da voz e promovendo a integração do corpo e da voz na expressão.